quinta-feira, julho 27, 2006

Endividamento de Portugal e dos Portugueses

Ao ler um artigo publicado por Gabriela Lopes de Castro do Departamento de Estudos Económicos do Banco de Portugal, reforcei uma ideia que já tinha: a de que os Portugueses estão sobre-endividados, ou seja, devem mais que aquilo que podem efectivamente pagar. Reforcei também a noção de que o endividamento subiu drasticamente nos últimos 15 anos. No referido artigo pode ler-se:

"Efectivamente em 2005 o endividamento das famílias em percentagem do rendimento disponível era de cerca de 117%, o que compara com níveis próximos de 20% no início dos anos 90. Comparativamente com os restantes países da área do euro, verifica-se que em 2004 apenas a Holanda registou níveis de endividamento das famílias em percentagem do seu rendimento disponível superiores aos de Portugal."

Ora estes dados parecem-me bastante preocupantes. Mas ainda mais preocupante é o facto de que as entidades financeiras que vendem* dinheiro a custos cada vez mais altos aliciem violentamente os Portugueses para que ainda se endividem mais. Pode ser considerada idónea uma entidade que concede um crédito ou atribui um plafond de milhares de euros a uma família que já nem as responsabilidades actuais consegue suportar? Eu pessoalmente penso que não. Mas infelizmente isso acontece e eu conheço vários casos. Hoje em dia a facilidade de endividar-se mais e mais é assustadoramente grande e pior que isso a pressão exercida sobre nós para tal é ainda maior. Há que ter grande força de vontade e alguns dedos de testa para resistir...

* digo "vendem" porque os bancos e demais entidades financeiras na realidade não nos emprestam o dinheiro mas sim vendem-no, senão vejamos:
emprestar (verbo transitivo)
1. confiar (uma coisa) a outrem, com a condição de ser restituída;
2. ceder temporariamente;
3. conceder;
vender (verbo transitivo)
1. ceder por uma determinada quantia; trocar por dinheiro ou por outra coisa a que se atribui valor;

1 comentário:

vero disse...

Não é novidade nenhuma para ninguém este crescente endividamento das famílias portuguesas. Novidade seria se houvesse um retrocesso desta situação.

É por estas e por outras que tento fazer poucas dívidas e poucos gastos e viver segundo as minhas possibilidades...